sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Menu do dia: impeachment em panela de barro e renúncia em panela de ferro

Menu do dia: impeachment em panela de barro e renúncia em panela de ferro


            Não pude bater panelas porque faltou água em casa (viu, Geraldo?!) e elas estavam lá na pia.
            Porém, meus tímpanos puderam testemunhar o quão felizes devem estar a Panex, Tramontina e Rochedo. Sim, porque hoje haverá um crescimento expressivo no mercado de compra e venda de panelas, já que o mercado do dólar...esse não se pode nem chegar erro.

            Fico imaginando as manchetes nos telejornais: “Panex modelo caçarola sobre 12% em um dia!"

            Nesta semana os telejornais capricharam nas imagens do Dirceu (2 imagens repassadas de 48 ângulos diferentes) e do panelaço (donas de casa, jovens e senhores só no ‘taca le pau’ na panela).
            O que fica martelando na minha cabeça são as imagens da renúncia do Jânio. Vocês se lembram? Eu não as testemunhei ao vivo, mas li muito a respeito. Demoraram uns 30 anos para eu ter acesso aos vídeos e reportagens, porque a ditadura não permitia debatermos a história recente do Brasil. De toda forma, antes tarde do que nunca!
            Outras imagens (testemunhadas por mim) são aquelas de antes e depois do impeachment de Fernando Collor de Melo. Ah! A economia confiscada, o vice que assumiu sem saber se ia ao desfile de escola de samba no sambódromo ou se arrumava o topetinho capilar.

            Memórias contadas ou vividas...não importa. Tempos bicudos.
           
            Agora, chegamos ao momento " imitação de los hermanos argentinos" . Para quem não sabe, esses são verdadeiros doutores em panelaços. Alguns deles foram: contra De La Rua, Menem e Cris Kirchner. Só o primeiro renunciou. O segundo governou por 10 anos e a economia argentina afundou. E a Cris...bem, apesar de todo o barulho das panelas ela está lá fime e forte.
            As nossas panelas de barro pedem pelo impeachment. Digo serem de barro porque se bateram com essa vontade ontem à noite...acho que elas quebraram. Ainda não há razões jurídicas concretas para o barro se sustentar.
            Já as de ferro (muito mais sólidas e resistentes) pedem a renúncia. E aquelas forças que eram ocultas na renúncia de Jânio estão expostas e visíveis pela mídia.
           
            Então, " bora lá", moçada!
           
            Que as panelas de ferro batam muito e que nos tragam muita saúde, educação de qualidade, salários dignos, aposentadorias coerentes, cidades bem estruturadas, casa e terra para todos.
            Não sou contrária ao fato de fazermos manifestações contra essa série de fatos apresentados pelas investigações da lava-jato. Muito menos concordo com a forma isolada com a qual o governo federal administra nosso país. 
            Porém, se eu for usar a panela contra aquilo que discordo na política brasileira...vixi...precisarei bater panela contra vereadores, deputados estaduais e federais que aprovam leis descabidas e recebem salários aviltantes; contra senadores que tomam a palavra para xingar um procurador; contra governadores que só sabem usar a estatística para explicar o inexplicável; contra prefeitos que não investem em creches; etc...etc
            E digo mais... este país não merece estar neste buraco em que se encontra.
            
            Agora, uma perguntinha: por que esses todos que citei estão lá nos fazendo de palhaços?
            
            Então vamos lá! Panela neles! 
            
           Antes, porém, vamos à sabatina do dia: qual é a forma democrática para a mudança? Quem são essas pessoas candidatas que mudarão tudo isso?  Como anda o nosso conhecimento das leis que regem a democracia deste país? Como fazemos política no nosso dia a dia? As nossas discussões são abertas ou se resumem a um grupo fechado no Facebook com pessoas que pensam todas da mesma maneira?

            Dignidade. Coerência. Maturidade. Memória. Diálogo. Ética. Honestidade. Trabalho. Sonho.
            Esses são os ingredientes. 

            E deixe-me ir cuidar das minhas panelas. Tá na hora do almoço!




quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Carta ao Sr. Turdus Rufiventris (sabiá-laranjeira)

Olá, Piu.
Eu estou ótima. Mas acho que você e sua turma não estão muito bem.
Como todos os anos, você e sua galera chegaram ao meu bairro.
Na semana retrasada, a cantoria começou às 4 e pouco da manhã. Lindo como sempre!

Já na semana passada, vocês adiantaram um pouquinho e começaram lá pelas 3 da manhã. 
Ah! Linda música para atrair as senhoritas da sua espécie. Afinal, é época do namoro de vocês.

Porém, ontem fiquei preocupada.
Às 23h00 um de vocês piava quase como um choro!
Será que levou o fora da namorada?
Um canto sofrido noite afora...até 4h00 quando toda a galera apareceu.

A natureza está doida pra nos dizer alguma coisa.  A água escassa e a mãe-terra seca em pleno verão no hemisfério norte e no inverno aqui no Sul. 

A poluição e a baixa umidade do ar afetam todos os seres vivos.
Árvores secam e os pássaros não conseguem nem alimento nem um lar para pousar.

Piu,  você canta bem mais cedo do que o costume pra pedir socorro ou para nos alertar que estamos cozinhando vivos?


Grande abraço!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Metáfora do fast-food

Metáfora do fast-food

A pequena Maria tinha um sonho: trabalhar em uma rede de fast-food de qualidade.

Nos anos 80, ao ser chamada para trabalhar no Dunkin Donuts, Maria pensara ter começado a trilhar o caminho para a realização da sua vida.  Enquanto fazia os sonhos recheados com cremes, pensou em deixar seu CV na nova rede norte-americana de pizza daquela época, Pizza Hut. Percebeu, porém, que a massa era grossa demais e aquilo não agradaria os brasileiros.

Nos anos 90, entregou seu CV na grande rede do Mc Donalds. Fez testes...quase como um concurso público...mas os CVs com indicações de poderosos da rede foram os escolhidos. Essa foi sua primeira decepção do mundo do fast-food.

Contudo, essa não foi a última. Sem mais nem menos, o Dunkin Donuts fechou suas portas. Sobrara poucas opções naqueles anos de verdadeira crise econômica (plano Cruzado, Collor, Zélia, dinheiro da poupança caçado). Mariazinha, então, decidiu voltar aos estudos em 1997. Era uma maneira de reiniciar sua careira gastronômica ao aprofundar seus conhecimentos e, portanto, melhorando seu CV. A jovem Maria nem pensava em abandonar seu sonho: trabalhar em uma rede de fast-food de qualidade.

No início dos anos 2000, mais CVs foram entregues e mais testes em diferentes redes: Bob’s, Habbib’s etc. Agora, ela era Mestre em fast-food. Foi quando surgiu outra rede norte-ameriana, a KFC(Kentucy Fried Chicken), que instalou uma moderna loja em plena Av Paulista. Maria foi chamada para comandar a ala de Cole Slaw. Dedicou-se como nunca ao corte do repolho!

Após sentir que estava no caminho certo, voltou aos estudos. Queria ser Doutora em cortes de frangos. Mas, assim que ingressou na empresa, outra crise. Uma crise galinácea. E havia a possibilidade de um molusco ser eleito Presidente da República. Então a KFC foi embora sem deixar rastros nem penas!

A Doutora Maria teve breves passagens pelo Lig-Lig e Domino's Pizza, até que outra rede estadunidense, Burguer King, a chamou. Porém, graças às experiências anteriores, a PhD Maria preferiu também apostar no Giraffa's.

Afinal, batata frita é tudo igual, né?


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Crônica do dia

Carne moída?

Aí você para em uma grande rede de supermercados da cidade de São Paulo e pensa "que tal uma carne moída para o jantar?"
Mal sabia eu que essa minha ideia acabaria na Central de Atendimento ao Cliente do tal supermercado.
Explico: no balcão de carnes só havia boi moído made by Friboy. Eu me recuso a comprar uma carne que eu não assisti passar pela máquina. E cá pra nós, essa do Friboi não se parece com carne de boi...a carne está tão milimetricamente colocada na bandeja que mais parece ...  bom, deixa pra lá. E isso vale para a tal carne da Swift, super esquisita!

Chamei o açougueiro e pedi  "você pode pesar 1/2 kg de patinho e moer 2 vezes?"
E ele: "Não, dona! Só se for 1 kg"
Eu: "Como?"
Ele: "A máquina só mói 1 kg."
"Hello" pensei. Mas ele prontamente me apontou e ofereceu a Friboi.

Fui até a gerência e de lá para o atendimento ao cliente. Expliquei:

"Não é possível que a máquina só processe 1 kg de carne". A gerente concordou e marchou até o açougue. Após 15 minutos reaparece com a seguinte explicação:

"Eles têm uma máquina que puxa toda a peça. Se pesar 1/2 kg o que sobra dentro da máquina é jogado no lixo. Precisamos da máquina menor"

"Hello (for the second time). Quer dizer que joga-se fora a carne? Como assim? "

Se aquilo é jogado fora ou não nunca saberemos.
A qualidade é duvidosa.
O desperdício é absurdo.

E a caixinha da Friboi para o açougueiro deve ser bem gorda!